08 May 2006

Sporting 2005-2006: O Balanço

Imagem: Sporting.pt

Em ano de centenário as expectativas eram elevadas. Apesar das dramáticas derrotas do mês de Maio, o Sporting de 2004-2005 terminara uma época em que tinha chegado a uma final europeia, tinha sido eliminado da Taça de Portugal através da lotaria dos penaltys e tinha estado a lutar pelo campeonato até às últimas. Além disto, o Sporting praticava um futebol bonito e atacante, que chegou a ser apelidado pelos meios de comunicação social portugueses e estrangeiros como o “futebol sexy de Peseiro”. A conjuntura era favorável e todos nós esperávamos que os níveis de performance da época 2004-2005 se fossem repetir em 2005-2006.
No entanto, assim que acabou a pré-época, uma derrota prematura com a Udinese fez-nos antever o futuro: A equipa, que nunca tinha tido grande intimidade com o treinador, estava muito distante deste. Os jogadores não o respeitavam, andavam distantes dos jogos, e pareciam fazer tudo para que José Peseiro fosse despedido. A juntar à falta de ligação entre a equipa e os técnicos, o Sporting perdeu carisma, com as saídas de Rui Jorge e Pedro Barbosa, perdeu força, com as vendas de Rochemback e Enakarhire, e perdeu alternativas, com as saídas de Pinilla, Niculae e Mário Sérgio, e com Paíto a ser “encostado” por Peseiro. Tentou-se compensar as áreas que ficaram em desvantagem com as contratações de Tonel, Deivid, Labarthe, Luís Loureiro e Manoel mas destes, apenas Tonel se impôs sem margem para dúvidas na equipa principal.
O campeonato começava, três vitórias pela margem mínima nas três primeiras jornadas (incluindo o derby contra o benfica), disfarçavam o que se sentia nas mentes dos sportinguistas. Pelo meio eram contratadas duas apostas pessoais de Peseiro: João Alves e Wender. Foi numa viagem à Madeira que o descalabro começou. Uma derrota por 2-1 no campo do Nacional fez com que todos nós “caíssemos na real”. A equipa estava a anos-luz das exibições da época anterior e algo tinha que mudar. Esse “algo” ficou perfeitamente definido quando na 5ªjornada, a vencer o Vitória de Setúbal apenas por 1-0 e a jogar contra 10, José Peseiro decidiu tirar Liedson para colocar Beto em campo. Esta terá sido provavelmente a substituição mais contestada a que eu alguma vez assisti. Desse fatídico minuto 81’ até ao dia 18 de Outubro passaram 2 jornadas, nas quais fizemos zero pontos (derrotas em Paços de Ferreira e contra a Académica em casa), a contestação em Alvalade atingira níveis elevadíssimos e Dias da Cunha, que até aí apoiava Peseiro em tudo, não teve outro remédio senão aceitar a demissão de Peseiro. Com Peseiro, caiu também Paulo de Andrade, administrador da SAD e mais tarde o próprio Dias da Cunha. Subiu ao poder Filipe Soares Franco e trouxe com ele Carlos Freitas. Dois homens que arrojadamente, chamaram para treinador um homem que tinha apenas um ano de experiência técnica nos juniores e não tinha sequer o terceiro nível do curso de treinadores. No entanto era alguém que conhecia a casa e por essa razão foi facilmente aceite na massa adepta leonina. Nos 9 jogos até Janeiro, Paulo Bento pegou numa equipa descompensada, ansiosa e em 7ºlugar e conduziu-a a 5 vitórias, 3 empates e apenas 1 derrota (frente ao E. Amadora). Ganhámos estabilidade e acima de tudo, ganhámos confiança!
Em Janeiro equilibrámos a equipa, fortaleceu-se a defesa com os empréstimos de Abel e Caneira e contrataram-se Romagnoli e Koke para ter mais soluções atacantes. Por outro lado, por motivos familiares, Rogério foi vendido ao Fluminense e Paíto, Edson, Varela e Wender foram emprestados. Tal qual justiça poética, Wender, que tinha sido uma nulidade em Alvalade, decidiu o jogo a favor do Braga quando o Sporting visitou a cidade dos arcebispos, no entanto esse embate acabou por ser o ponto de viragem do campeonato, seguiu-se uma vitória no Restelo, um empate com o Marítimo, e uma série de 10 vitórias consecutivas potenciada por uma vitória na Luz por 3-1 em que a vantagem poderia ter sido bem mais dilatada. Nessa série de vitórias o Sporting marcou 19 golos e sofreu apenas 2, ambos de penalty. Era um Sporting renovado, um Sporting que assentava no acto de aproveitar o erro do adversário e um Sporting que apresentava uma solidez defensiva inigualável. Na 30ª jornada foi o jogo do título, mas aqui, o Sporting caiu na sua própria armadilha, Jorginho aproveitou o nosso erro defensivo e lançou o Porto para a conquista do título. Restava-nos combater pelo acesso directo à Liga dos Campeões, os níveis anímicos foram abaixo com a perca da possibilidade de conquistar o título e parte das últimas quatro jornadas foram um suplício para nós, sportinguistas, e para a equipa. Dois empates com o Estrela da Amadora e com a Naval poderiam ter deitado tudo a perder, mas nas últimas duas jornadas aquela garra e aquele brio que marcaram a maior parte do tempo que Paulo Bento passou a orientar a nossa equipa voltaram e, com toda a naturalidade, conseguimos garantir o 2ºlugar e o acesso preciso à Liga dos Campeões.
Fazendo minhas as palavras do administrador da SAD, Rogério de Brito, dada a situação financeira do Sporting, “a Liga dos Campeões nunca será um mal menor, mas sempre um bem menor”.
Agora urge a necessidade de reforçar este plantel. Existem alguns sectores que têm de ser reforçados para sermos bem sucedidos na Liga dos Campeões e no campeonato da próxima época. O Sporting está muito bem artilhado em algumas áreas mas ainda temos algumas lacunas que poderão ser corrigidas na pré-época. Durante os próximos dias irei dar a minha opinião sobre o plantel do Sporting em cada sector, apareçam por cá para dar a vossa opinião!

3 comments:

Pedro Barbosa said...

Excelente análise, muito bem. Penso que disseste tudo ;)

Mistica Verde said...

Obrigado aos dois! Confesso que tinha poucas esperanças que alguém lesse um texto tão longo, mas é como o liedsonshow diz: somos diferentes!
Abraços

n_sardas said...

é uma excelente analise.
Penso que o grande erro, foi a politica de contratações no inicio da epoca. Sai Roca e Enak, 2 peças fundamentais na equipa, e nas entradas, só Tonel mostrou ser um verdadeiro reforço. Alem disso, em termos de soluções, ficamos mais fracos.
Espero que os erros tenham sido entendidos para que nesta nova epoca que ai vem, não sejam novamente cometidos.
Saudações Leoninas